Classe social é um grupo de pessoas que têm status social similar segundo critérios diversos, sendo destacadamente o econômico o mais utilizado. Encontramos diversos critérios para definir classes sociais na literatura e na imprensa, incluindo as visões da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (ABEP) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É comum pesquisas de mercado, marketing ou política, dentre outras áreas, utilizarem o conceito de classes sociais para caracterizar algumas das conclusões obtidas. E é ainda mais comum a confusão sobre o assunto. As duas visões mais relevantes para determinar a classe social são o Critério Brasil, da ABEP, e o Critério por Faixas de Salário-Mínimo (IBGE). A seguir, vamos detalhar cada um destes critérios.
Classe Social pelo Novo Critério Brasil (ABEP)
É o critério mais utilizado pelos institutos de pesquisa de mercado e opinião e ganhou uma nova versão em 2015. Segundo a ABEP, o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) é um instrumento de segmentação econômica que utiliza o levantamento de características domiciliares (presença e quantidade de alguns itens domiciliares de conforto e grau escolaridade do chefe de família) para diferenciar a população. O critério atribui pontos em função de cada característica domiciliar e realiza a soma destes pontos. É feita então uma correspondência entre faixas de pontuação do critério e estratos de classificação econômica definidos por A1, A2, B1, B2, C1, C2, D, E.
As pontuações apresentadas abaixo para itens de conforto e grau de escolaridade são utilizadas a partir de abril de 2011 e uma nova versão em 2015, incluiu mais itens de uso diário como computador, lavadora de louças e secadora de roupas, além da propriedade de motocicletas e da presença de água encanada e rua asfaltada no domicílio da família para o cálculo da classe social. A metodologia de cálculo tinha como fonte o CCEB 2014 (Critério Brasil) e, a partir de 2015, tem como fonte o novo CCEB revisado em 2015 (Novo Critério Brasil). O principal objetivo do Novo Critério Brasil, portanto, é mensurar a classe social não a partir da renda propriamente dita mas sim do nível de conforto, escolaridade e serviços públicos presente na vida de cada família.
Trata-se de um critério que considera parcialmente conquistas de conforto e patrimônio combinado ao grau de instrução e a presença de serviços públicos básicos como componentes para o cálculo da classe social. Acredito ser uma falha não englobar a faixa salarial atual (pessoas simples e com patrimônio ou que amam luxo e devem no banco podem ser classificadas inadequadamente), embora seja difícil obter uma resposta confiável ou precisa para entrevistados de alguns segmentos. A atualização dos itens de conforto e de locomoção foi uma crítica que fiz na versão vigente até 2014 e agora está parcialmente englobada, além do novo critério de infra-estrutura urbana como água encanada e rua pavimentada. Ainda acredito que smartphones e plano de celular pré ou pós são tão ou mais pertinentes que um DVD ou lava-louças.
A metodologia detalhada está descrita no livro Estratificação Socioeconômica e Consumo no Brasil (Kamakura & Mazzon) que pode ser encontrado na Saraiva, no Submarino, na Americanas, na Livraria Cultura e na Livraria da Travessa.
Classe Social pelo Critério por Faixas de Salário-Mínimo (IBGE)
A visão governamental das classes sociais, utilizada pelo IBGE no censo populacional a cada dez anos, é baseada no número de salários mínimos. Mais simples, divide em apenas cinco faixas de renda ou classes sociais, conforme a tabela abaixo, válida para este ano (salário mínimo em R$ 954 em 2018). Esta tabela foi obtida a partir de vários artigos sobre classes sociais nas pesquisas do IBGE divulgados na imprensa e é parecida com a visão da FGV.
Trata-se de um critério de cálculo fácil e objetivo, mas que leva somente em consideração o salário atual da pessoa e ignora eventuais conquistas e patrimônio. Mudanças repentinas de salário para cima ou para baixo podem tornar dar um viés ao resultado e torná-lo impróprio para algumas finalidades.
Classes Sociais por Faixas de Salário-Mínimo (IBGE)
O DataFolha e as Classes Sociais
O quiz para descobrir a sua classe social publicado no jornal Folha de S. Paulo em 22 de janeiro de 2012 traz mais uma possibilidade de divisão: classe alta, média-alta, média-intermediária, média-baixa e excluídos, algo semelhante como A, B, C, D ou E, nesta ordem. O DataFolha estima que 9% estão na classe alta, 19%, 26% e 18% estão na classe média-alta, média-intermediária e média-baixa e 28% estão excluídos.
Pirâmide de Renda no Brasil
Outra forma de interpretar e visualizar as classes sociais é a noção de pirâmide de renda, conforme a apresentada pelo DataFolha em novembro de 2013 no gráfico abaixo.
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